segunda-feira, 15 de julho de 2019

Uma gigantesca reserva de água doce está enterrada sob o Oceano Atlântico

Cientistas da Universidade de Columbia descobriram um enorme aquífero enterrado abaixo do Oceano Atlântico, e ele parece se estender quase 350 quilômetros, de Massachusetts até o sul de Nova Jersey na costa dos EUA.
Os pesquisadores acreditam que o aquífero se formou na última Era do Gelo, cerca de 20.000 a 15.000 anos atrás.
Boa parte da água do mundo era congelada em geleiras nessa época, de forma que o nível do mar era menor. Conforme o clima esquentou e o gelo cobrindo o nordeste dos EUA derreteu, a água pode ter formado deltas e arrastado enormes quantidades de sedimentos.
Tudo isso, por sua vez, levou a grandes bolsas de água fresca derretidas presas em sedimentos que mais tarde ficaram aprisionados no fundo do oceano quando o nível do mar subiu.
Hoje, o aquífero parece ser abastecido por água que escoa de armazenamentos subterrâneos terrestres. Além disso, sua água é provavelmente bombeada para o mar pela pressão das marés, de forma que fica ligeiramente salgada quanto mais longe da costa alcança.
Os cientistas desconfiaram da existência de um aquífero pela primeira vez na década de 1970, quando companhias que extraem petróleo encontraram água doce debaixo do oceano ao invés disso, em algumas ocasiões.
Para confirmar do que se tratava, Kerry Key, geofísico do Lamont-Doherty Earth Observatory na Universidade de Columbia, que anteriormente havia ajudado empresas petrolíferas a descobrirem pontos de petróleo, ajustou seu instrumento para detectar desta vez aquíferos.
Ele e sua equipe começaram a fazer medidas em dois pontos que água doce já havia sido observada: sul de Nova Jersey e Martha’s Vineyard, em Massachusetts. O instrumento foi lançado ao fundo do oceano, para medir campos eletromagnéticos.
Enquanto isso, outro instrumento em um barco passou a emitir pulsos eletromagnéticos artificiais, para que a diferença entre as duas medidas levasse a uma conclusão: água salgada conduz ondas eletromagnéticas melhor do que a água doce, então a doce se destacaria por sua baixa condutividade.
Os pesquisadores concluíram que não se tratavam de poças de água fresca isoladas, mas sim de um aquífero contínuo, estendendo-se em alguns pontos até 120 quilômetros da costa. Ele começa a profundidades de 182 metros e chega até 365 metros abaixo do chão do oceano.
Os cientistas confirmaram que o aquífero é mais fresco perto da costa e mais salgado longe dela, quando começa a se misturar com a água do mar.
A água doce próxima à costa tem de cerca de 1 parte por mil de sal, bem como outras águas doces terrestres. Já nas bordas externas do aquífero, a água tem cerca de 15 partes por mil de sal, o que ainda é menor do que o nível típico de água salgada, de 35 partes por mil.
Ou seja, essa água ainda teria que ser dessalinizada antes que pudéssemos utilizá-la, mas este seria um processo mais barato e rápido do que com água salgada comum.
“Provavelmente não precisamos fazer isso nessa região, mas se pudermos mostrar que há grandes aquíferos em outras regiões, estes podem representar um recurso em lugares secos como o sul da Califórnia, a Austrália, o Oriente Médio ou a África do Saara”, disse Key em um comunicado.

Créditos: Hypescience

Nenhum comentário:

Postar um comentário