A descoberta foi feita no Canadá e depois o osso foi estudado por uma equipe multidisciplinar, conduzida por um paleontólogo e por um patologista. Assim, fizeram análises internas e externas da estrutura, chegando ao veredito: o osso foi diagnosticado com osteossarcoma, um tipo maligno de câncer que atualmente afeta 3,4 milhões de pessoas no mundo todo.
A descoberta do câncer em dinossauro é algo importante, já que muda os rumos quanto a origem desta doença. Conforme a paleontologista da Universidade George Washington, Catherine Forster, o câncer provavelmente surgiu muito antes do que o imaginado.
“Se humanos e dinossauros recebem o mesmo tipo de câncer ósseo, então o câncer ósseo se desenvolveu profundamente na história evolutiva, antes que as linhagens de mamíferos e répteis se dividissem 300 milhões de anos atrás”, explicou.
Esse osso não foi encontrado sozinho, estava junto com restos de diversos dinossauros com chifres, os Centrosaurus. Em 1989 o Museu de Paleontologia Real Tyrrell escavou esta região e encontrou uma fíbula, ou algo do tipo, que parecia ser diferente. Por mais que o osso tenha apresentado algum tipo de lesão, foi guardado no museu.
Tempos depois, o paleontólogo do Royal Ontario Museum, David Evans, conheceu um especialista em patologia chamado Mark Crowther. Assim, os dois começaram a conversar sobre a possibilidade de dinossauros sofrerem câncer. “Eu disse que nossa melhor chance de encontrar câncer de dinossauro era ir às coleções do Royal Tyrrell Museum e pesquisar suas grandes quantidades de ossos patológicos de dinossauros”, lembra Evans.
Os dois, junto com outros pesquisadores, avaliaram centenas de fósseis, até encontrarem o Centrosaurus. De fato, a lesão chamou atenção, já que não parecia ser uma ruptura e sim um candidato a câncer. Dessa maneira, o osso foi avaliado por especialistas em oncologia musculoesquelética e patologia humana e confirmaram o diagnóstico.
Não foi o primeiro câncer em dinossauro, mas o primeiro maligno
Conforme Evans, outros paleontologistas já descobriram câncer nos ossos de dinossauros, mas esta foi a primeira vez que um câncer maligno foi encontrado. Para o paleontologista da Universidade Estadual de Montana, nos Estados Unidos, Ewan Wolf, testes com animais vivos devem ajudar a identificar outros casos.
“Gostaria de ver uma comparação com animais mais intimamente relacionados aos dinossauros”, comentou. Assim, a ideia é fazer testes em aves de pisco de peito vermelho a pelicanos.
Por pior que o câncer tenha sido, esse espécime de dinossauro morreu em uma inundação, assim como os outros encontrados próximos dele. Ainda assim, por mais que seja uma descoberta única, é mais um fato importante sobre a vida dos dinossauros. “Essa descoberta certamente os torna mais reais e ajuda a trazê-los à vida nesse aspecto”, diz Evans.
Créditos: SoCientífica
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