As placas tectônicas se movem por causa dos movimentos no manto da Terra ou o manto é causado pelo deslocamento das placas? Essa era uma pergunta que gerava grande dor de cabeça para os geólogos. Essa questão ficou insolúvel por séculos, mas agora, uma equipe de cientistas reconsiderou todo o esquema e, de acordo com suas simulações, é principalmente a superfície que impõe seu estilo ao manto, mesmo que o equilíbrio de forças evolua ao ritmo dos supercontinentes.
Para revelar as forças em ação, cientistas do Laboratório de Geologia da École normale supérieure (CNRS/ENS – PSL), do Instituto de Ciências da Terra (CNRS/Universidades Grenoble Alpes e Savoie Mont Blanc/IRD/Ifsttar) e da Universidade de Roma trataram a Terra sólida como um único sistema indivisível e realizaram a modelagem mais completa feita até hoje da evolução de um planeta ficcional muito semelhante à Terra. Os resultados do seu estudo estão publicados na Science Advances.
Os pesquisadores precisaram ser muito pacientes para encontrar os parâmetros corretos, e então resolver um sistema de equações por 9 meses em um supercomputador, reproduzindo 1,5 bilhão de anos de evolução do Planeta.
A animação mostra a ruptura de um supercontinente num modelo digital da dinâmica da Terra, em que 1 segundo equivale a 10 milhões de anos. À esquerda, é possível observar o planeta fictício modelado que se parece muito com a Terra: sua superfície e seu manto se movem espontaneamente, em velocidades próximas às observadas na Terra. A divisão das “placas” também é muito semelhante, assim como a topografia: os tons vermelhos representam as áreas rasas dos oceanos (cristas) e o azul indica o mar profundo. As partes azuis mais escuras correspondem aos poços de subducção (onde uma placa mergulha no manto). Os continentes estão em branco translúcido. À direita, correntes quentes do fundo do manto.
Usando este modelo, a equipe mostrou que dois terços da superfície da Terra se move mais rápido do que o manto subjacente, ou seja, a superfície puxa de dentro para fora, e os papéis são invertidos no terço restante. Este equilíbrio de poder evoluiu ao longo da história geológica, particularmente para os continentes. Estes são impulsionados principalmente pelos movimentos profundos do manto durante as fases de construção de um supercontinente, como a atual colisão entre Índia e Ásia: nestes casos, os movimentos observados na superfície podem, portanto, nos fornecer informações sobre a dinâmica do manto profundo.
Este cálculo representa uma riqueza de informação que ainda está em grande parte inexplorada. Os dados obtidos podem ajudar a entender como as cristas nascem e desaparecem, como a subducção é iniciada ou o que determina a localização das plumas que causam grandes libertações vulcânicas.
Créditos: Socientífica
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