sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Sucesso! A vela do LightSail usou apenas energia dos raios de sol para orbitar Terra

É oficial: a sonda LightSail 2, da organização espacial sem fins lucrativos Sociedade Planetária (The Planetary Society) tornou-se a primeira a orbitar a Terra usando somente energia da luz do sol.
“Ficamos muito felizes em anunciar o sucesso da missão da LightSail 2”, disse Bruce Betts, gerente do projeto e cientista-chefe da Sociedade Planetária. “Nosso critério era demonstrar a navegação solar controlada em um CubeSat, alterando a órbita da espaçonave usando apenas a pressão da luz do sol, algo que nunca foi feito antes”.
Levaram dez anos e sete milhões de dólares em financiamento para o LightSail 2 se tornar realidade.
Lançada há quase um mês, a sonda abriu suas velas solares com sucesso semana passada e, desde então, subiu sua órbita em 1,7 quilômetros impulsionada apenas pelos fótons do sol que se refletem nelas.
Segundo Dave Spencer, um dos cientistas da missão, a LightSail 2 é controlada autonomamente por um algoritmo a bordo da sonda. Ela pode mudar de ângulo em 90 graus a cada 50 minutos, o que permite que receba energia suficiente do sol não importa em qual direção esteja.
Avanços
A LightSail não é exatamente a primeira espaçonave a ser propulsionada por energia solar – este feito cabe à sonda japonesa IKAROS, lançada em 2010.
No entanto, ela é a primeira a ser capaz de se direcionar e levantar órbita usando suas velas solares. Em comparação, a IKAROS era bem mais limitada – só podia mudar de ângulo em quatro ou cinco graus.
É claro, a LightSail ainda pode melhorar. Seu algoritmo continua sendo atualizado. Um dos desafios dos cientistas da missão, por exemplo, era refinar o momentum da sonda, controlado por uma roda.
Esta roda é usada para alterar a orientação da sonda e acelera algumas vezes por dia. Quando isso acontece, precisa ser desacelerada, o que é feito com hastes de torque eletromagnético. Em um loop dramático, isso tira temporariamente a espaçonave de sua orientação correta. Logo, os cientistas estão tentando corrigir este processo e acabaram de baixar uma atualização no software da sonda com este propósito.
Aplicações
Por enquanto, não há como prever com exatidão quão longe a sonda ainda pode aumentar sua órbita. A densidade atmosférica nessas altitudes é muito variável e os pesquisadores da missão não sabem dizer em que ponto o arrasto atmosférico vai “vencer” a capacidade da sonda de continuar orbitando.
“Estamos aprendendo muito com a LightSail 2 agora. Embora tenhamos declarado o sucesso da missão, a LightSail 2 voará por quase mais um ano e vamos para aprender muito sobre o controle da espaçonave e o desempenho das velas nos próximos meses”, explicou Bill Nye, CEO da Sociedade Planetária, em uma coletiva de imprensa.
As lições da LightSail terão um valor científico enorme. Isso porque, devido as excelentes vantagens da tecnologia – sem a necessidade de combustível, corta-se também a necessidade de sistemas para controlar, armazenar e gerenciar esse combustível -, suas aplicações são inúmeras.
Por exemplo, sondas solares podem ser usadas na busca por vida alienígena, para monitorar o clima do sol e até como sistema de alerta para possíveis impactos com asteroides.
“Esta tecnologia nos permite levar as coisas para destinos extraordinários no sistema solar e talvez até além, de uma maneira que nunca foi possível antes”, complementou Nye.
A NASA também tem uma missão que leva energia solar planejada para lançamento em 2020: a “Near-Earth Asteroid Scout”, que deve usar uma vela solar e um 6U CubeSat para coletar dados sobre asteroides próximos à Terra.
O CubeSat é uma sonda muito pequena. No passado, a energia solar era almejada para espaçonaves maiores, mas Nye crê que seu potencial mais interessante é justamente fazer parte de uma “revolução” para impulsionar minúsculos robôs espaço afora.

Créditos: Hypescience

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