sábado, 28 de setembro de 2019

Há 210 milhões de anos, crocodilos gigantes caçavam até dinossauros

Um estudo, publicado on-line no Journal of African Earth Sciences na semana passada, revelou que répteis gigantes parentes dos crocodilos modernos, caçavam dinossauros vegetarianos há 210 milhões de anos.
Dentes, mandíbulas e membros fossilizados recém-descobertos pertencentes a um ancestral dos crocodilos lançaram nova luz sobre um mundo pré-histórico.
Depois de analisar os restos de um ‘rauisuchians’ encontrado no sul da África, especialistas determinaram que esse parente antigo de crocodilo se alimentava de dinossauros vegetarianos.
Essas descobertas sugeriram que foi a extinção desses caçadores que levou certos dinossauros herbívoros a dominarem a Terra e se tornarem grandes animais terrestres, já que os rauisuchianos eram seu principal predador.
Rauisuchia é uma ordem de répteis diapsídicos que viveram durante o período Triássico. Este é um grupo irmão do grupo que deu origem aos crocodilos, jacarés, e gavials modernos. Esses animais geralmente tinham entre 1 e 10 metros de comprimento e 0,5 a 3 metros de altura.
Este grupo inclui o maior carnívoro terrestre não dinossauro de todos os tempos e alguns como o Fasolasuchus tenax eram tão grandes que poderiam enfrentar o T. rex e outros grandes terópodes como Saurophaganax e Torvosaurus.
Agora, pesquisadores da Universidade de Witswatersrand, em Joanesburgo, estão vislumbrando esses carnívoros parecidos com crocodilos através da descoberta de novos fósseis.
Esses predadores se alimentaram de dinossauros herbívoros e de seus parentes mamíferos que viviam na época, segundo Rick Tolchard, estudante de Wits Masters.
“Esses fósseis antigos nos fornecem evidências de como pelo menos duas espécies de predadores caçaram esses dinossauros vegetarianos há 210 milhões de anos”, disse ele.
“É incrível seguir as pistas deixadas para trás em dentes fossilizados, mandíbulas, membros e outros fósseis para nos ajudar a contar a história antiga da vida na África Austral.”
“No período triássico, os rauisuchianos eram comuns e seus fósseis eram conhecidos de todos os continentes, exceto da Antártica”, acrescentou Tolchard.
“Eles foram extintos há cerca de 200 milhões de anos, abrindo caminho para os dinossauros se tornarem os grandes animais terrestres dominantes”.
Os fósseis revelaram o que eles estavam se alimentando desses dinossauros herbívoros e, uma vez extintos os rauisuchians, os dinossauros vegetarianos puderam andar livremente, sem muitas ameaças.

Créditos: Socientífica

A pior previsão já feita pela Física pode ter sido solucionada

Você conhece a história: Einstein acreditava que o Universo era estático, embora sua teoria indicasse outra coisa. Para ajeitar tudo, ele introduziu em suas equações a constante cosmológica λ (lambda), e o Universo parou.
A parada - apenas na cabeça dos físicos, é claro - foi rápida porque, em 1929, Georges Lemaitre descobriu a expansão do Universo com dados observacionais, o que fez Einstein chamar sua constante de "a maior mancada da minha vida" (The greatest blunder of my life).
A coisa ficou mais séria em 1998, quando a análise de supernovas distantes mostrou que o Universo estava não apenas acelerando, mas que essa aceleração estava se tornando cada vez maior.
A constante cosmológica foi mais uma vez chamada à cena para descrever o fenômeno, que os físicos chamam de "energia do vácuo", uma energia cuja natureza é desconhecida - hoje ela é chamada de energia escura, quintessência e outros nomes menos comuns -, mas à qual é atribuída a responsabilidade pela aceleração da expansão do Universo.
Mas aí surgiu um problema ainda maior, talvez o maior de toda a Física.
A teoria prevê que a constante cosmológica vale 3,83 × 10+69 m-2. As observações mais precisas já feitas, por sua vez, com base na radiação de fundo de micro-ondas, chegaram a um valor de 1,11 × 10-52 m-2, o que é minúsculo, mas ainda assim suficiente para explicar a expansão acelerada.
Essa diferença gigantesca - 10+121, isto é, um "1" seguido de 121 "0" - passou a ser conhecida como a pior previsão já feita por qualquer teoria no campo da Física.
Agora, Lucas Lombriser, da Universidade de Genebra, na Suíça, quer tirar essa sujeira de debaixo do tapete. E, para isso, ele teve uma ideia, por assim dizer, mirabolante.
O truque consiste em introduzir uma variação na constante universal de gravitação G, bolada por Newton, mas que aparece nas equações de Einstein.
Sim, uma variação em uma constante significa torná-la "inconstante". A ideia de "constantes inconstantes" não é exatamente nova para os físicos, e há mesmo alguns indícios experimentais de que a força da gravidade pode não ser constante.
A interpretação prática da variação na gravidade proposta por Lombriser é que nosso Universo, com um G = 6,67408 × 10-11 m3 / kg s2, seria um caso especial entre um infinito número de diferentes possibilidades.
Isso se encaixa na "Teoria dos Muitos Mundos", que propõe a existência de múltiplos universos paralelos, incomunicáveis entre si, cada um emergindo conforme cada função de onda colapse - observe que a "Teoria dos Muitos Mundos" é diferente da teoria dos Multiversos, que propõe a existência de múltiplos universos independentes em diferentes regiões do espaço-tempo, o que pode permite que um "toque" no outro.
Por exemplo, quando uma medição decidir se o gato de Schrodinger está vivo ou morto, e ele se manifestar vivo em nosso Universo, o gato emergirá morto noutro universo ao qual nunca teremos acesso, mas que é igualmente real porque ambas as opções, vivo e morto, são igualmente verdadeiras para a mecânica quântica.
A matemática do professor Lombriser não chega a λ, mas ao parâmetro ωλ (ômega lambda), que é outra maneira de expressar a constante cosmológica, mas que é mais fácil de manipular e de entender. Esse parâmetro designa a fração atual do Universo que é composta de energia escura (o restante sendo composto de matéria). O valor teórico obtido é 0,704 ou 70,4%, o que é muito mais próximo da melhor estimativa experimental obtida até o momento, 0,685 ou 68,5%, do que a discrepância de 10121.
A comunidade dos físicos achou a ideia boa, e agora já há muita gente trabalhando para descobrir se a matemática do professor Lombriser pode ser usada para reinterpretar ou esclarecer outros mistérios da cosmologia.
O mais importante, contudo, será verificar se a nova teoria pode ser usada para fazer uma previsão experimental que possa ser testada na prática e ver se os resultados batem. Simples assim. Enquanto isso, é melhor não dispensar o tapete e a vassoura.

Créditos: Inovação Tecnológica

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Bactérias se camuflam no corpo humano para não serem atacadas por antibióticos

Os pesquisadores da Universidade de Newcastle (Inglaterra) utilizaram técnicas de estado da arte para estudar amostras de pacientes idosos que tinham infecções urinárias recorrentes. Eles observaram como as bactérias perdem as paredes celulares para se camuflarem no corpo humano. Essas paredes são um alvo comum em vários grupos de antibióticos.
“Imagine que a parede é como se a bactéria estivesse vestindo um colete de alta visibilidade. Isso dá a elas um formato regular (por exemplo de vara ou uma esfera), tornando-a forte e protegendo-a, mas também deixando-a altamente visível, especialmente para o sistema imunológico humano e antibióticos como penicilina”, compara a pesquisadora principal, Katarzyna Michiewicz, em entrevista para o Phys.org.
“O que vimos é que na presença de antibióticos, a bactéria consegue mudar de uma forma de parede regular para um estado completamente aleatório, sem parede e em formato de L. Como efeito, escondendo o colete amarelo e o escondendo dentro de si mesma. Nessa forma o corpo não consegue reconhecer facilmente a bactéria então não a ataca, e os antibióticos também não”.
Quando estão neste formado de L, as bactérias ficam moles e fracas, mas algumas sobrevivem e se escondem no corpo até que o antibiótico esteja ausente. Aí ela reconstrói a parede celular e volta ao seu formato normal. As células de um paciente voltaram ao formato normal apenas cinco horas depois que não havia mais penicilina no corpo.
Em pacientes saudáveis, a fraqueza da célula com formato L significa que o próprio sistema imunológico da pessoa consegue matar essas bactérias, mas em pacientes fragilizados ou idosos como os que foram utilizados no estudo, essas bactérias conseguem sobreviver.
Isso pode explicar porque algumas pessoas têm infecções urinárias recorrentes.
“Para os médicos, isso pode significar levar em consideração uma combinação de tratamento, então primeiro um antibiótico que ataca a parede celular e depois um tipo diferente para qualquer célula com formado de L que esteja escondida, então um que mire no RNA ou DNA ou até a membrana que a cerca”, explica a pesquisadora.
As bactérias em formato de L também ficam invisíveis em métodos tradicionais de identificação de infecções. Para conseguir realizar este estudo e flagrar pela primeira vez a mudança de formato das bactérias, os pesquisadores usaram um método especiao de detecção osmoprotetor.
Esta observação é revolucionária, já que aponta pela primeira vez que bactérias conseguem sobreviver sem uma parede celular. O trabalho foi publicado nesta quinta-feira (26) na revista Nature Communications.
Agora os pesquisadores pretendem estender a pesquisa a pacientes que já receberam tratamento contra a infecção.
A resistência de bactérias a antibióticos foi identificada pela Organização Mundial da Saúde como uma das maiores ameaças à saúde global.

Créditos: Hypescience

A nova simulação de buraco negro da NASA é fascinante

A primeira fotografia de um buraco negro, gerada com colaboração internacional do Telescópio Event Horizon, é uma das conquistas científicas mais impressionantes da última década. A roda laranja desfocada que fica do outro lado do universo custou uma quantidade colossal de dados e inteligência para ser observada.
Porém, por mais inspirador e assustador que seja, não tem muito o que ver nela. Mas a nova visualização da NASA é absolutamente fascinante.
A assombrosa visualização, gerada por Jeremy Schnittman através um software criado no Centro de Vôo Espacial Goddard da NASA, lembra o buraco negro Gargantua do filme Interestelar, mesclado com a imagem do Event Horizon, e mostra como a gravidade da galáxia afunda o espaço-tempo ao seu redor.
Buracos negros são locais incrivelmente densos do espaço com gigantesca força gravitacional. Seu poder é tão monstruoso que sequer a luz consegue escapar. Isso mesmo que você leu: quando a luz passa muito perto de um buraco negro ela é puxada para dentro dele. Poeira, gás e detritos atraídos pela gravidade giram ao redor do buraco, como presos a um eixo que gira extraordinariamente rápido e é muito, muito quente. Esse carrossel, uma roda brilhante de matéria chamado de disco de acreção, é a única parte que podemos observar do buraco negro. Dependendo da angulação que o observamos, nossa visão pode ser extremamente distorcida.
O vídeo da NASA mostra a borda do disco, portanto a luz na parte superior da imagem é realmente de trás do buraco negro. Observar esse monstro cósmico nesse ângulo, também mostra que a matéria brilha muito mais no lado esquerdo do que na direita, porque se move na direção do espectador. O fenômeno cósmico nomeado “Efeito Doppler Relativístico” amplia o nível do brilho da luz que se move dessa maneira, e o contrário também é verdadeiro para a luz que se afasta do espectador.
A NASA lançou o vídeo para comemorar a diversidade dos buracos negros nesta Black Hole Week.

Créditos: Imagens do Universo

Astrofísicos podem finalmente ter encontrado algo mais rápido que a velocidade da luz

De acordo com a relatividade geral de Einstein, nada poderia viajar mais rapidamente do que a velocidade da luz no vácuo. Mas no espaço muitas coisas bizarras ocorrem, incluindo esta nova pesquisa de dois astrofísicos: rajadas de raios gama poderiam acelerar a uma velocidade maior que a da luz, chegando a níveis superluminais.
Curiosamente esse estudo não vai contra a teoria de Einstein. Os astrofísicos Jon Hakkila e Robert Nemiroff (EUA) descobriram que apesar dessas explosões ultrapassarem a velocidade da luz nas nuvens de gás ao redor de si, isso só acontece nos meios de transmissão dos jatos, não no vácuo.
Os cientistas também dizem que os jatos superluminais poderiam causar a reversibilidade temporal que costuma ser observada nas curvas de luz das rajadas de raios gama.
Jon Hakkila fez a analogia de que seria como as pedras que saltam quando jogadas em um lago. Se alguém jogasse uma pedra na água em sua direção, ela atravessaria o ar entre os saltos mais rápido do que as ondas que ela causa quando bate na água. Curiosamente, à medida que a pedra vem na sua direção, você observa as ondas criadas a cada salto na ordem inversa. Os criados mais recentes chegarão até você antes e as ondas dos primeiros saltos na água chegariam por último.
Hakkila afirmou:
“Os modelos padrão de rajadas de raios gama negligenciaram as propriedades da curva da luz reversível no tempo. O movimento do jato superluminal é responsável por essas propriedades, mantendo muitos recursos de modelo padrão”.

Créditos: Hypescience

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Novo laser pode ser poderoso suficiente para fazer um buraco na realidade

A revista Physical Review Letters publicou nesta semana um artigo sobre tecnologia de corte a laser superpoderoso. O artigo em si é seco e técnico, mas a interpretação Charles Lee do blog de tecnologia Ars Technica ajudou a explicar exatamente o que as informações do artigo significam na prática.
Lasers superpoderosos conseguem rasgar qualquer coisa, deixando para trás apenas elétrons e núcleos. Este novo laser tem potencial de rasgar o tecido do espaço e tempo. Tudo o que precisamos é de um novo espelho.
A idéia por trás do artigo, publicado por um pesquisador da Universidade Paris-Saclay (França), é que poderíamos usar um espelho feito de plasma – o material que compõe o Sol – para focalizar o raio.
“Inicialmente se pensava que espelhos de plasma não agiriam como um bom elemento de focalização. Essencialmente, é impossível conseguir o formato certo. Mas 24 horas de tempo de supercomputador mostrou que o espelho de plasma pode ser o caminho correto. Novos desenvolvimentos em códigos de modelos permitiram aos pesquisadores simular um pulso em 3D completo que impacta a superfície”, explica Chris.
Se pesquisadores conseguissem usar esse espelho de plasma, o laser poderia perfurar o tecido do espaço e tempo. “Isso vai funcionar na realidade? Eu acho que sim”, defende ele.

Créditos: Hypescience

No tempo quântico, você não precisará esperar o tempo passar

Físicos afirmam ter demonstrado a existência de "um novo tipo de ordem quântica do tempo".
A constatação surgiu de um experimento projetado para reunir elementos das duas grandes - mas contraditórias - teorias da física desenvolvidas no século passado: a relatividade e a mecânica quântica.
O experimento proposto combina os elementos-chave das duas teorias que descrevem o fluxo do tempo, e revela que a ordem temporal entre os eventos pode apresentar características quânticas genuínas, algo que é muito diferente da experiência da passagem contínua do tempo que experimentamos.
"Nossa proposta procurava descobrir: O que acontece quando um objeto maciço o suficiente para influenciar o fluxo do tempo é colocado em um estado quântico?" descreve Magdalena Zych, da Universidade de Queensland, na Austrália.
A teoria de Einstein descreve como a presença de um objeto maciço retarda a passagem do tempo.
"Imagine duas naves espaciais, que devem disparar uma contra a outra em um momento específico, enquanto evitam o ataque da outra. Se uma delas disparar muito cedo, ela destruirá a outra. Na teoria de Einstein, um inimigo poderoso poderia usar os princípios da relatividade geral, colocando um objeto maciço - como um planeta - mais próximo de uma das naves para retardar o passar do tempo [do ponto de vista desta nave]. Por causa do retardo temporal, a nave mais distante do objeto massivo dispararia mais cedo, destruindo a outra," ilustra Zych.
A segunda teoria, a mecânica quântica, diz que qualquer objeto pode estar em um estado de "superposição".
"Isso significa que ele pode ser encontrado em diferentes estados - pense no gato de Schrodinger", exemplifica a pesquisadora. Ou seja, usando a teoria da mecânica quântica, se o inimigo colocar o planeta em um estado de superposição quântica, o tempo também deverá sofrer um desarranjo.
Assim, quando um objeto maciço for colocado em uma superposição quântica nas proximidades de um conjunto de relógios, sua ordem temporal poderá se tornar genuinamente quântica, desafiando qualquer descrição clássica.
"Haveria uma nova maneira de a ordem dos eventos se desenrolar, com nenhum dos eventos sendo o primeiro ou o segundo - mas em um estado quântico genuíno de ser simultaneamente o primeiro e o segundo," disse Zych. É por isso que reverter causa e efeito não será problema para os computadores quânticos, por exemplo.
Embora colocar dois planetas em superposição provavelmente nunca será possível, o "experimento" - é tudo matemático - permitiu realizar uma simulação de como o tempo funciona no mundo quântico - sem usar a gravidade -, mostrando que o "tempo quântico" pode ser tão bizarro quanto os demais fenômenos na escala das partículas atômicas.
Isso pode ser relevante para futuras tecnologias. Computadores quânticos que tirem proveito dessa "ordem temporal quântica" para executar operações poderão superar os dispositivos que operem usando apenas sequências fixas.
E implementações práticas da ordem temporal quântica não requerem condições extremas - como planetas em superposição - e podem ser simuladas sem o uso da gravidade. Ou seja, esta descoberta de propriedades quânticas do tempo pode levar a melhores equipamentos na era emergente da computação quântica.
"Mesmo que o experimento nunca possa ser realizado, o estudo é relevante para tecnologias futuras. Atualmente, estamos trabalhando em direção a computadores quânticos que - falando de maneira muito simples - poderiam efetivamente pular no tempo para executar suas operações com muito mais eficiência do que os aparelhos que operam em uma sequência fixa no tempo, como o conhecemos em nosso mundo 'normal'," disse o professor Fabio Costa, membro da equipe.

Créditos: Inovação Tecnológica

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Pela primeira vez, cientistas recriam rosto do hominídeo de Denisova

Há 100 mil anos o cenário na Terra era um tanto quanto diferente: além das diferenças climáticas, as espécies que habitavam o planeta eram outras. À época, vários grupos de humanos andavam por aí, como os antepassados do Homo sapiens, os neandertais e os denisovanos, por exemplo.
Embora se saiba mais sobre alguns desses hominídeos, os denisovanos continuam sendo um mistério para os evolucionistas. Descoberto em 2010 na região da Sibéria, na Rússia, o hominídeo de Denisova foi pouco estudado, já que existem poucos fósseis da espécie disponíveis.
Entretanto, as limitações não impediram uma equipe de pesquisadores de recriar digitalmente o rosto de um hominídeo de Denisova. Segundo o artigo que publicaram no periódico Cell, os especialistas produziram um modelo digital de uma fêmea da espécie com base no DNA encontrado nos fósseis.
Como explicaram em comunicado, os profissionais identificaram 56 características anatômicas nas quais os denisovanos diferiam dos humanos modernos e/ou dos neandertais, sendo 34 delas no crânio. "De muitas maneiras, os denisovanos se assemelhavam aos neandertais, mas em algumas características se assemelhavam a nós, e em outras eram únicos", disse Liran Carmel, da Universidade Hebraica de Jerusalém. Por exemplo, o crânio do hominídeo de Denisova era mais largo que o dos humanos modernos ou dos neandertais, além de possuírem uma arcada dentária mais longa.
Essas descobertas só foram possíveis graças a uma abordagem engenhosa proposta pelos pesquisadores: as inferências da aparência dos denisovanos ocorreram com base em um fator chamado de "metilação" do DNA. De acordo com os especialistas, a metilação nada mais é que um processo natural que marca os genes com um marcador químico, que, então, podem ser analisados.
Ou seja, os pesquisadores procuraram diferenças entre a metilação do DNA em humanos modernos, neandertais e denisovanos, e tentaram determinar como essas diferenças poderiam afetar a aparência física. O estudo foi feito com base em informações já conhecidas sobre a genética, como quais desses genes param de funcionar por determinada mutação, por exemplo.
"Ao fazer isso, podemos obter uma previsão de quais partes esqueléticas são afetadas pela regulação diferencial de cada gene e em que direção essa parte esquelética muda — por exemplo, um fêmur mais longo ou mais curto", explicou David Gokhman, também parte da pesquisa.
Para testar o método, a equipe o aplicou em duas espécies cuja anatomia é conhecida: os neandertais e os chimpanzés — e o resultado teve precisão de quase 85%. Os especialistas acreditam que isso sugere que, embora não seja perfeita, a técnica funciona muito bem.
Como se não bastasse, o trabalho da equipe foi validado novamente no início do ano, quando a mandíbula de um denisovano foi encontrada no Tibete. Comparando os resultados que haviam obtido com o fóssil descoberto, os pesquisadores puderam confirmar que estavam na direção certa.
David Reich, geneticista de Harvard, o estudo é importante não só por lançar luz ao hominídeo de Denisova, mas também pelo surgimento de um novo método científico. "Esse é um estudo altamente original e emocionante, extraordinário não apenas no que diz respeito às descobertas específicas, mas também no que diz respeito a toda a abordagem", disse ao The Guardian.

Créditos: Galileu

Cientistas conseguem reverter um ano de danos causados pelo Alzheimer

Um dispositivo MemorEM que está sendo desenvolvido pela NeuroEM Therapeutics, conseguiu reverter um ano de danos causados pelo Alzheimer em apenas dois meses de tratamento.
Nos esforços em andamento para controlar e tratar a doença de Alzheimer, uma das vias mais promissoras de pesquisa é o uso de ondas eletromagnéticas para reverter a perda de memória – e um pequeno estudo usando essa abordagem relatou alguns resultados encorajadores.
Dos oito pacientes que testaram o dispositivo, sete tiveram o desempenho cognitivo aprimorado e mostraram resultados animadores.
Os voluntários, todos com a doença de Alzheimer em graus de leve a moderados, receberam um boné chamado MemorEM, que usa emissores especialmente desenvolvidos para criar um fluxo personalizado de ondas eletromagnéticas no crânio. Os tratamentos são aplicados duas vezes ao dia, durante uma hora, e podem ser facilmente administrados em casa.
“Talvez a melhor indicação de que os dois meses de tratamento tenham um efeito clinicamente importante nos pacientes com Alzheimer neste estudo seja que nenhum dos pacientes desejou devolver o dispositivo de cabeça ao Instituto da Universidade do Sul da Flórida / Byrd Alzheimer após o estudo ser concluído.”, diz o biólogo Gary Arendash , CEO da NeuroEM Therapeutics.
Pesquisas anteriores da mesma equipe que se concentraram em camundongos, mostraram que esse tratamento eletromagnético transcraniano (TEMT) era capaz de proteger contra a perda de memória e até revertê-lo em roedores mais velhos.
Com base nas evidências até agora, o TEMT se mostrou ser capaz de quebrar as proteínas tóxicas amilóide-beta e tau que foram extensivamente ligadas ao Alzheimer – as ondas aparentemente são capazes de desestabilizar as fracas ligações de hidrogênio que as mantêm unidas.
Essas proteínas essencialmente entopem o cérebro, acreditam os cientistas, sufocando e destruindo neurônios dos quais precisamos para manter as memórias.
Usando um conjunto de testes comumente aceitos, projetados para medir demência, o impacto das ondas eletromagnéticas foi considerado “grande e clinicamente importante”. Essa escala do ADAS-Cog varia de uma média de cinco para alguém sem Alzheimer, a uma média de 31 para possuem a doença, o estudo observou uma mudança média de mais de quatro pontos em sete dos oito voluntários.
Essa mudança de quatro pontos corresponde ao tipo de declínio cognitivo que você pode esperar ver em pacientes com Alzheimer há mais de um ano, então foi como se um ano do impacto da doença de Alzheimer no pensamento cognitivo tivesse sido revertido em apenas dois meses de tratamento.
O estudo também mostrou que nenhum dos oito pacientes apresentaram efeitos colaterais ou sinais de danos cerebrais causados pelo tratamento.
Agora, a próxima etapa é um estudo maior e mais completo, envolvendo um número maior de voluntários com a doença de Alzheimer. A NeuroEM Therapeutics tem planos para um ensaio clínico envolvendo 150 pacientes ainda este ano.
Se o novo ensaio clínico mostrar que o tratamento é seguro e eficaz, poderá haver aprovação regulatória.

Créditos: Socientífica

Vídeos de OVNIs são reais, afirma Marinha dos EUA


Os três vídeos feitos pelos militares dos EUA, que mostram imagens de “fenômeno aéreo não identificado”, são verdadeiros, de acordo com declarações da Marinha do país obtidas pelo The Black Vault, um site dedicado a expor segredos governamentais.
Joseph Gradisher, vice-chefe de operações navais de guerra da informação, disse:
“A Marinha designa os objetos contidos nesses vídeos como fenômenos aéreos não identificados”.Os vídeos vieram ao público em 2017 pelo The New York Times e pela To The Stars Academy, uma organização ufológica.
No entanto a nova declaração não significa que a Marinha dos EUA esteja afirmando que são alienígenas do espaço sideral: “fenômenos aéreos não identificados” são apenas isso – não identificados e inexplicáveis (até agora).
Um dos vídeos, de 2004, mostra um objeto que “apareceu repentinamente a 24 km e disparou em direção ao mar, finalmente parando a 6 km e pairando”, como escreveu o The New York Times em 2017.
Outro vídeo mostra imagens feita por um caça em 2015 de um objeto que passou abaixo dele em velocidades extremamente altas. “Que p*** é essa?”, Exclama um dos pilotos no vídeo.
Os vídeos nunca deveriam ter sido vistos pelo público. Susan Gough, porta-voz do Pentágono, disse ao The Black Vault no início deste ano:
“Os vídeos nunca foram oficialmente divulgados ao público em geral pelo Departamento de Defesa e ainda devem ser retidos”.

Créditos: Hypescience e Olhar Digital

Colisão entre asteroides há 470 milhões de anos foi essencial para a vida na Terra

Há 470 milhões de anos dois asteróides colidiram entre Júpiter e Marte — e isso foi essencial para o desenvolvimento da vida na Terra. Isso é o que indica uma nova pesquisa liderada por pesquisadores da Universidade de Lund, na Suécia, publicada no Science Advances.
Segundo o estudo realizado pelos astrônomos, um dos objetos espaciais tinha 150 quilômetros de comprimento e, quando houve o choque, a poeira resultante da colisão se espalhou pelo Sistema Solar. “É análogo a ficar no meio da sala e esmagar uma sacola de aspirador cheia de pó, só que em uma escala muito maior”, exemplificou Birger Schmitz, líder da pesquisa, em comunicado.
Esses resíduos bloquearam parcialmente a luz do Sol de atingir a Terra, o que resultou em uma era glacial. A mudança do clima, até então mais ou menos homogêneo, corroborou para a divisão do planeta em zonas climáticas, resultando numa explosão de biodiversidade, principalmente entre os seres invertebrados.
Para realizarem a descoberta, os especialistas executaram a medição do hélio extraterrestre incorporado nos sedimentos petrificados do fundo do mar após a colisão. Eles explicam que, a caminho da Terra, os detritos resultantes do choque foram enriquecidos com hélio quando bombardeados pelo vento solar, o que uma análise do evento mesmo após milhões de anos.
De acordo com os astrônomos, os achados da equipe podem ajudar a humanidade no combate ao aquecimento global. Isso porque, com as emissões de dióxido de carbono e o aumento da temperatura da Terra, a situação do planeta se assemelha às existentes antes da colisão dos asteróides.
Logo, se os esforços humanos para retardarem o aquecimento global não funcionarem, existe a possibilidade de se utilizar alternativas artificiais para resfriar a Terra. Uma delas, para os pesquisadores, seria causar um bloqueio da luz solar, como ocorrida há 470 milhões de anos.
A idéia, portanto, é colocar asteróides ou satélites, por exemplo, em órbitas ao redor da Terra para que liberem partículas exporadicamente, bloqueando parte dos raios do Sol e, assim, esfriar o planeta. “Nossos resultados mostram, pela primeira vez, que esse pó esfriou drasticamente a Terra. Os estudos podem fornecer uma compreensão empírica mais detalhada de como isso funciona, e isso, por sua vez, pode ser usado para avaliar se as simulações de modelos [como o proposto] são realistas”, disse Schmitz.

Créditos: Imagens do Universo

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Experimento não encontra quinta força e mantém mistério da energia escura

Um experimento para testar uma das mais fortes teorias sobre a energia escura não encontrou evidências de novas forças, colocando enormes restrições a essas teorias.
A energia escura é o nome dado a uma força desconhecida que está causando a aceleração da expansão do Universo.
Uma das teorias mais fortes para explicar essa energia é uma "quinta força" que atuaria sobre a matéria, além das quatro forças já conhecidas: gravitacional, eletromagnética e nucleares forte e fraca.
Como os físicos acreditam que essa quinta força pode ser "filtrada" ou "oculta" por objetos grandes, como planetas ou mesmo pesos na Terra, uma equipe do Imperial College de Londres e da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, idealizaram um experimento para testar a existência da quinta força conforme ela agisse sobre átomos.
A equipe usou um interferômetro atômico para testar se havia alguma força extra atuando em um único átomo. Uma esfera de metal do tamanho de uma bola de gude foi colocada em uma câmara de vácuo e os átomos foram soltos para cair livremente dentro da câmara.
A idéia é que, se houvesse uma quinta força atuando entre a esfera e o átomo, o caminho do átomo deveria se desviar levemente à medida que passasse pela esfera.
No entanto, os átomos caíram exatamente como deveriam ter caído com base apenas nas forças conhecidas. Vale dizer, a quinta força não foi encontrada.
Esse resultado descarta as teorias mais populares da energia escura, que modificam a teoria da gravidade, e deixa menos lugares para se procurar por essa quinta força - há outras pistas, seguindo outros caminhos, como uma estranha partícula chamada bóson X protofóbico.
"Este experimento, conectando física atômica e cosmologia, nos permitiu descartar uma ampla classe de modelos que foram propostos para explicar a natureza da energia escura e nos permitirá restringir muitos mais modelos de energia escura," disse o professor Edmund Copeland.

Créditos: Inovação Tecnológica

Nova espécie de peixe-elétrico emite a maior voltagem já registrada em um animal

Um estudo publicado na revista Nature Communications terça-feira (10/9) revela que existem ao menos três espécies de peixe-elétrico conhecidas como poraquê e não apenas uma, como se pensava.
Uma das duas novas espécies descritas no artigo emite a maior voltagem já registrada em um animal, chegando a 860 volts. A pesquisa foi apoiada por FAPESP, Smithsonian Institution e National Geographic Society, entre outras instituições. Além de gerar novos conhecimentos sobre o animal, depois de mais de 250 anos de sua primeira descrição, abre novas possibilidades de investigação, como, por exemplo, sobre a origem e a produção de descargas elétricas fortes em outros peixes.
Os peixes-elétricos compõem um grupo de mais de 250 espécies dotadas de um órgão capaz de produzir eletricidade, geralmente fraca, usada para se comunicar e para navegar. uma vez que a maioria tem olhos muito pequenos.
“O poraquê, que pode chegar a 2,5 metros de comprimento, é o único a produzir também descargas fortes. Ele faz isso por meio de três órgãos elétricos. Essas descargas são usadas para defesa e caça”, disse Carlos David de Santana, pesquisador-associado do National Museum of Natural History, da Smithsonian Institution, nos Estados Unidos, e primeiro autor do artigo.
A pesquisa integra o Projeto Temático “Diversidade e evolução de Gymnotiformes (Teleostei, Ostariophysi)”, coordenado por Naércio Menezes, professor do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZ-USP).
A correlação entre as análises do DNA, da morfologia e do ambiente do poraquê, além da medição da voltagem emitida, permitiu reclassificar os animais em três espécies diferentes. A única conhecida até então, Electrophorus electricus, foi descrita em 1766 pelo naturalista sueco Carl Linnaeus.
Além da E. electricus, agora definida como a espécie que vive na região mais ao norte da Amazônia, os pesquisadores encontraram diferenças suficientes para acrescentar ao gênero a Electrophorus varii e a Electrophorus voltai.
O artigo tem entre os autores Luiz Antonio Wanderley Peixoto, pós-doutorando do MZ-USP sob supervisão de Aléssio Datovo da Silva, pesquisador principal do Temático e professor na mesma instituição.
“Empregamos a medida da voltagem como forma de diferenciação, algo inédito na identificação de novas espécies”, disse Menezes. Durante medições em campo, usando um voltímetro, os pesquisadores registraram em um exemplar de E. voltai uma descarga de 860 volts, a maior já medida em um animal. Até então, a mais alta era de 650 volts.
A nova espécie foi nomeada em homenagem ao físico milanês Alessandro Volta, criador da primeira bateria elétrica, em 1799. Volta se inspirou nos poraquês para sua invenção.
E. varii, por sua vez, é uma homenagem ao zoólogo Richard P. Vari, pesquisador da Smithsonian Institution falecido em 2016. “Foi o cientista estrangeiro que mais influenciou e auxiliou estudantes e pesquisadores brasileiros no estudo de peixes na América do Sul”, disse Santana.
Santana, que durante a pesquisa entrou em muitos rios para coletar poraquês e tomou alguns choques, explicou que, apesar da alta voltagem, a descarga emitida pelo animal tem baixa amperagem (cerca de 1 ampere) e não é necessariamente perigosa para humanos.
Para efeito de comparação, uma tomada pode ser de 10 ou 20 amperes e, por isso, é capaz de deixar uma pessoa grudada nela durante um choque, aumentando sua letalidade. Além disso, a corrente do poraquê não é contínua, mas dispara pulsos alternados e se descarrega depois de uma descarga forte, precisando de tempo para se recarregar.
Mesmo assim, encontrar um grupo de animais dentro d’água pode ser bastante perigoso. Ainda que o choque em si não mate uma pessoa saudável, pode ser arriscado para cardíacos, além de contribuir para uma queda ou afogamento. “O choque causa um atordoamento na vítima, suficiente para capturar uma presa ou espantar uma ameaça maior”, disse Santana.
As pesquisas realizadas pelo grupo têm mostrado ainda que os poraquês se comunicam para se reunir e eletrocutar uma potencial ameaça. Ao contrário do que dizia a literatura científica até então, os animais não são solitários e podem se reunir em grupos de até 10 indivíduos na fase adulta.
Para a nova classificação, foram analisados 107 animais coletados em diferentes regiões amazônicas, não só do Brasil como do Suriname, Guiana Francesa e Guiana. Inicialmente, os pesquisadores usaram o método conhecido como código de barras de DNA (DNA barcoding), realizando o sequenciamento do gene mitocondrial Citrocromo C Oxidase I (COI), padrão para identificação de espécies animais. Depois, mais nove genes mitocondriais e nucleares foram sequenciados e várias análises foram conduzidas a fim de validar os resultados do DNA barcoding.
“As três espécies têm uma forma de corpo muito conservada e não mudaram muito ao longo dos últimos 10 milhões de anos de evolução. São poucos detalhes da morfologia externa que as diferenciam e só a análise integrada com a genética e a ecologia foi capaz de fazer uma distinção robusta das espécies”, disse Santana.
Além de mostrar claras diferenças genéticas, os dados do sequenciamento foram cruzados com os ecológicos. A espécie que conservou o nome E. electricus se restringe ao extremo norte amazônico, na região geológica conhecida como Escudo da Guiana, que abrange o norte dos estados do Amapá, Amazonas e Roraima, além de Guiana, Guiana Francesa e Suriname.
Já os poraquês da espécie E. voltai ocupam o chamado Escudo Brasileiro, no sul do Pará e do Amazonas, Rondônia e norte de Mato Grosso. As regiões de escudo são conhecidas por serem mais altas (acima de 300 metros de altitude). A região é caracterizada por possuir corredeiras e cachoeiras, com águas claras e bem oxigenadas, fundo de rochas ou areia e baixa quantidade de sais dissolvidos.
Essas características favorecem as duas espécies desse tipo de hábitat, que têm cabeça mais achatada, ideais para nadar e caçar em ambientes de águas rápidas e fundo de pedras, por exemplo. Além disso, a pouca quantidade de sais dissolvidos proporciona uma baixa condutividade elétrica na água. Portanto, especula-se, que os animais precisem produzir descargas elétricas mais fortes para capturarem as suas presas, como acontece com E. voltai, que teve registrada durante o estudo a maior voltagem já produzida por um animal.
Por outro lado, E. varii foi mapeada na região mais baixa da bacia amazônica, vivendo em águas turvas e muitas vezes pouco oxigenadas, com fundo arenoso ou lamacento. Além disso, a quantidade maior de sais dissolvidos aumenta a condutividade da água, favorecendo a propagação da descarga elétrica, que na espécie variou entre 151 e 572 volts.
Os pesquisadores estimam que as espécies divergiram duas vezes. Na primeira, E. varii surgiu no período Mioceno (cerca de 7,1 milhões de anos atrás), quando ela se separou do ancestral em comum de E. voltai e E. electricus. Foi só no Plioceno (cerca de 3,6 milhões de anos atrás), que E. voltai e E. electricus chegaram na configuração atual.
Novos estudos genéticos serão feitos para confirmar a hipótese de que a separação ecológica (ambiente de escudo versus várzea) foi um fator responsável por repartir E. varii (várzea) de E. electricus e E. voltai (escudo) do seu ancestral em comum. Além disso, os pesquisadores continuam capturando e medindo a voltagem emitida pelos poraquês para confirmar o recorde de 860 volts. Eles preveem ainda encontrar novas espécies em outros gêneros de peixe-elétrico.
“A descoberta das novas espécies de poraquês na Amazônia, um dos hotspots de biodiversidade do planeta, exemplifica o quanto ainda há para ser descoberto na natureza. Além disso, o interesse de outras áreas da ciência, como medicina e biotecnologia, reforça a necessidade de conservação da região e de estudos que envolvam parcerias nacionais e internacionais para a exploração da biodiversidade na região”, disse Santana.
Atualmente, outros grupos estudam possíveis aplicações das pesquisas sobre poraquês, seja em análises das enzimas produzidas pelos órgãos elétricos, a fim de testá-las como componentes para produção de medicamentos para possíveis tratamentos de doenças neurodegenerativas como Alzheimer, ou como modelo para a criação de baterias para próteses e sensores implantados em humanos, por exemplo.

Créditos: Socientífica

Árvore mais alta da Amazônia está 50% maior – e cientistas não sabem por quê

Às vezes, mesmo as maravilhas naturais mais impressionantes podem permanecer escondidas dos humanos por séculos. A Amazônia é um lugar denso, cheio de vida, com novas espécies de flora e fauna sendo descobertas volta e meia. Agora, usando a mesma tecnologia que leva carros sem motorista de A a B, nós — liderados por Eric Gorgens e Diego Armando da Silva, juntamente com colegas do Brasil, Swansea, Oxford e Cambridge — descobrimos a árvore mais alta da floresta tropical.
Com 88 metros de altura, a árvore mais alta supera em quase 30 metros recordes anteriores das maiores árvores da região. O Escudo das Guianas, planalto localizado no nordeste da Amazônia e responsável por quase 9% das florestas tropicais remanescentes do mundo, pode conter muitas árvores gigantescas — cada uma é capaz de armazenar tanto carbono quanto um hectare de floresta tropical. Nossa descoberta significa que a vasta floresta pode ser um sumidouro de carbono maior do que se pensava anteriormente.
Não tropeçamos nessas árvores enquanto passeávamos na floresta. Entre 2016 e 2018, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil (Inpe) coordenou um projeto para escanear a laser grandes partes da Amazônia. Foram digitalizadas 850 áreas de floresta distribuídas aleatoriamente, cada uma com 12 km de comprimento e 300 metros de largura. Sete desses trechos continham evidências de árvores com mais de 80 metros de altura; a maioria estava localizada ao redor do Rio Jari, um afluente norte do Amazonas.
Ficamos surpresos com as alturas das árvores, então partimos em uma viagem para confirmar as descobertas com nossos próprios olhos, determinar suas espécies e, é claro, escalá-las.
Partimos de barco de Laranjal do Jari, no Amapá, em um calor úmido de 35 graus. Fomos até a vila de São Francisco do Iratapuru, uma comunidade que produz castanha-do-pará de forma sustentável. A comunidade nos forneceu quatro barcos e 12 pessoas nos guiaram pelo rio e pela densa e inesquecível floresta.
Sem a assistência de especialistas, não teríamos resolvido os obstáculos que se seguiram. O primeiro foi a Cachoeira de Itacará: levamos o segundo dia inteiro para transportar os pesados ​​barcos de madeira e todo o nosso equipamento por terra, coberta com vegetação densa.
Depois de Itacará, o Rio Jari variou entre 30 e 300 metros de largura e, em alguns momentos, era sereno; em outros, era cheio de rochas e corredeiras. Ficamos aliviados ao ver que alguém havia embalado muitas hélices sobressalentes para os motores — no final da viagem, tínhamos usado cada uma delas. A certa altura, nossa hélice atingiu uma rocha submersa e quebrou, deixando-nos sem poder ou direção, exatamente quando estávamos tentando forçar o nosso caminho rio acima através de uma sequência de corredeiras.
Atravessamos a Linha do Equador no terceiro dia e percorremos 70 km. No dia seguinte, passamos a maior parte do tempo dentro do rio, com a água até a cintura, transportando os barcos por oito quilômetros de corredeiras e rochas com cordas e com nossas mãos.
Mapa da jornada pela Amazônia que os pesquisadores britânicos Tobias Jackson e Sami Rifai realizaram (Foto: Eric Gorgens, Author provided)
Depois de percorrer 240 km no total, finalmente chegamos ao acampamento no sexto dia. Muitas das árvores altas ficavam bem perto do rio. Embora pudéssemos visitá-las facilmente, cortar a densa vegetação do chão era um trabalho tão difícil que não tivemos tempo de visitar todos os locais revelados pelo laser.
Passamos os dias seguintes coletando amostras e medindo as árvores. Encontramos pelo menos 15 árvores gigantes, todas com mais de 70 metros de altura e algumas superando 80 metros. Surpreendentemente, todas eram da mesma espécie: Angelim vermelho (Dinizia excelsa), comum na Amazônia, de madeira forte e fedorenta. Anteriormente, pensava-se que crescia apenas 60 metros.
Ainda não sabemos como essas árvores conseguiram crescer mais. Como espécies pioneiras – as primeiras a crescer em novas áreas ou em lacunas na vegetação –, é possível que tenham se aproveitado de alguns distúrbios que devastaram parte da floresta, talvez causados ​​por tempestades ou habitação humana. O fato de terem sobrevivido por tanto tempo e crescido tão alto deve ser graças ao seu distanciamento absoluto das áreas urbanas e de indústrias.
A tecnologia de escaneamento a laser que permitiu as descobertas das árvores gigantescas não é brinquedo. Permite que os cientistas mapeiem a estrutura da floresta e o armazenamento de carbono com detalhes e em escalas sem precedentes. Assim eles avaliam melhor sua importância no ciclo global do carbono. Vários projetos estão coletando dados, o que nos permitirá monitorar a mudança da saúde em florestas.
Nossa pesquisa sugere que o nordeste da Amazônia poderia armazenar mais carbono do que se pensava anteriormente. Cada Angelim vermelho pode armazenar até 40 toneladas de carbono; isso é o equivalente de 300 a 500 árvores menores. Embora tenhamos visitado apenas 15 árvores, essa foi uma pequena proporção das árvores reveladas pelos do laser. Portanto, é provável que haja mais árvores gigantes por aí. Algumas podem ser ainda mais altas que a recordista de 88 metros de altura. No atual cenário político, há muitas razões para se preocupar com a Amazônia. O fato de que descobertas como essas ainda são feitas, mesmo enquanto partes da floresta são destruídas pela exploração madeireira, queima e expansão agrícola, demonstra o quanto ainda resta a aprender sobre esse incrível e misterioso ecossistema.
Infelizmente, é provável que muitas espécies desconhecidas na Amazônia sejam extintas antes mesmo de as descobrirmos. Devemos fazer todo o possível para proteger esta majestosa floresta tropical e seus tesouros, conhecidos e não descobertos.

Créditos: Galileu

Material mais preto já fabricado não reflete quase nada

Engenheiros dos EUA e da China criaram um material feito de nanotubos de carbono que é 10 vezes mais preto do que qualquer coisa já relatada anteriormente.
Em outras palavras, é o material com maior capacidade de absorção de luz e calor de que se tem notícia.
O material é feito de nanotubos de carbono alinhados verticalmente, formando uma espécie de floresta em nanoescala, que a dupla cultivou em uma superfície de papel alumínio.
A película captura mais de 99,96% de qualquer luz que entra, tornando-a o material mais preto já registrado - o material mais preto já feito anteriormente captura de 98 a 99% da luz.
Kehang Cui e Brian Wardle estavam experimentando maneiras de cultivar nanotubos de carbono em materiais eletricamente condutores, como o alumínio, para melhorar suas propriedades elétricas e térmicas. Mas isso cria uma camada de óxido que reveste o alumínio quando exposto ao ar. Essa camada de óxido atua como um isolante, bloqueando a eletricidade e o calor, em vez de conduzi-lo, como a dupla desejava.
Cui descobriu que é possível remover a camada de óxido mergulhando o papel alumínio em água salgada. Ele então transferiu a folha para um ambiente livre de oxigênio, para evitar a reoxidação e, finalmente, colocou o alumínio em um forno, onde os nanotubos de carbono foram cultivados por meio de um processo chamado deposição química de vapor. E isso se deu a temperaturas muito mais baixas - cerca de 100 graus Celsius - do que era necessário com o alumínio original.
Os pesquisadores não têm muita certeza do mecanismo que contribui para a opacidade do material, mas suspeitam que possa ter algo a ver com a combinação dos nanotubos de carbono com o alumínio ranhurado pelo banho fisicoquímico, que fica um pouco enegrecido.
Explicações à parte, o material pode ser útil, por exemplo, em cortinas ópticas para reduzir brilhos indesejados, como em telescópios espaciais tentando fotografar exoplanetas em órbita de suas brilhantes estrelas.
"Existem aplicações de ciências ópticas e espaciais para materiais muito pretos [...]. Nosso material é 10 vezes mais preto do que qualquer coisa que já foi relatada, mas acho que o preto mais preto é um alvo em constante movimento. Alguém encontrará um material mais escuro e, eventualmente, entenderemos todos os mecanismos subjacentes e seremos capazes de projetar adequadamente o preto definitivo," disse Wardle.

Créditos: Inovação Tecnológica

sábado, 14 de setembro de 2019

Novas formas de carbono podem ser mais duras que diamante

O carbono, o elemento no qual se baseia toda a vida na Terra, parece ter mais segredos do que se imaginava.
É certo que os cientistas têm descoberto uma série de "novas formas de carbono" nos anos recentes, mas agora foram reveladas nada menos do que 43 estruturas de carbono até então desconhecidas.
Usando técnicas computacionais, Patrick Avery e seus colegas da Universidade de Buffalo, nos EUA, estavam procurando por materiais superduros, adequados para uso em revestimentos antirrisco, brocas de perfuração e abrasivos.
"Os diamantes são atualmente o material mais duro disponível comercialmente, mas eles são muito caros. Nós queríamos encontrar algo mais duro do que um diamante. Se você encontrar outros materiais duros, potencialmente poderá torná-los mais baratos. Eles também podem ter propriedades úteis que os diamantes não possuem. Talvez eles interajam de maneira diferente com calor ou eletricidade, por exemplo," disse a professora Eva Zurek, coordenadora da equipe.
Os 43 tipos de carbono revelados pela análise - são 43 formas novas de organização dos átomos de carbono em estruturas cristalinas - dão a pinta de serem superduros e, mais importante, de serem estáveis em condições ambiente.
Uma substância é tipicamente catalogada como superdura quando apresenta um valor de dureza superior a 40 gigapascais, medido através de um experimento chamado teste de dureza Vickers.
As previsões são de que todas as 43 novas estruturas de carbono atinjam esse limite. Estima-se que três excedam ligeiramente a dureza Vickers dos diamantes, embora isso tenha que ser confirmado nos experimentos porque os cálculos têm uma margem de erro.
As três estruturas mais duras que o diamante contêm fragmentos de diamante e de lonsdaleíta, também chamada de diamante hexagonal, em suas estruturas cristalinas.
Com a estrutura cristalina prevista, os cientistas dos materiais poderão agora se dedicar a sintetizar cada uma delas, para confirmar suas propriedades.

DNA revela que monstro do Lago Ness pode ser real, mas não exatamente um ‘monstro’

Cientistas recolheram amostras de DNA de um dos lagos mais famosos do mundo, o Lago Ness, reconhecido pela história difundida do misterioso Monstro que ali vive ou viveu.
A foto que percorreu as décadas e o mundo, atraindo a imaginação de todos que a veem. Alguns acreditam que ela é real, mas cientistas mais cautelosos não aceitam muito bem essa hipótese. Mas, atualmente, a hipótese mais plausível para explicar a foto de 1934 é um submarino de brinquedo e um fotógrafo com criatividade.
Um grupo de cientistas da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, contudo, quis investigar mais afundo a possibilidade desse ‘monstro’ existir, mas o objetivo principal da pesquisa não foi esse, e as informações que eles retiraram do Lago pode ser crucial para desvendar esse ‘mistério’.
O geneticista Neil Gemmell, que esteve por trás do estudo, que se iniciou em meados de 2018, disse que “há grandes quantidades de DNA de enguias no Lago Ness”, levantando a possibilidade de que o ‘Monstro’ seja, na verdade, uma enguia além das proporções habituais.
Desde 2018 os pesquisadores vêm retirando amostras de várias partes e profundidades do lago, em busca de compreender sua biodiversidade. Dentre a encontrada, havia uma grande variedade de espécies de enguias, cerca de 3.000, mas a grande maioria tão pequena que seria impossível observá-las.
Com a descoberta via DNA, muitas hipóteses extraordinárias podem ser descartadas. Dentre elas, a possível sobrevivência dos Plesiossauros ou um peixe-gato gigante.
“Existe um plesiossauro no Lago Ness? Não. Não há absolutamente nenhuma evidência de nenhuma sequência de répteis em nossas amostras,” Gemmell disse, indicando que não há evidências, também, para o peixe-gato. “Pode haver peixes-gato gigantes em Loch Ness, mas não detectamos nenhum deles”, completou ele.
A hipótese mais plausível para os cientistas envolvidos no estudo permanece como sendo a de uma enguia com tamanho avantajado em relação aos mesmos de sua espécie. E, apesar de não terem encontrado o monstro em si, agora sabemos pelo que procurar caso exista um.
“Pode muito bem haver um monstro no Lago Ness”, disse ele. “Nós não o encontramos.”

Créditos: Socientífica

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Primeiro sinal de que a "idade biológica" do corpo pode ser revertida

Já pensou se fosse possível voltar para sua idade de alguns anos atrás?
Um pequeno estudo americano sugeriu que o relógio biológico do corpo pode ser revertido. No experimento, os participantes receberam um “coquetel rejuvenescente” e “voltaram” cerca de 2,5 anos na sua idade biológica.
No entanto, como a pesquisa foi pequena e não houve grupo de controle, os resultados são considerados preliminares e ainda precisam ser melhor estudados.
“Eu esperava ver a desaceleração do relógio, mas não uma reversão. Foi meio futurista”, disse o geneticista Steve Horvath, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (EUA), um dos autores do estudo.
Os pesquisadores deram um coquetel de três medicamentos comuns – um hormônio do crescimento e dois remédios para diabetes – para nove voluntários saudáveis por um ano.
Em média, eles “perderam” 2,5 anos de suas idades biológicas, medidos pela análise epigenética de marcadores nos genomas dos participantes.
Seus sistemas imunológicos também mostraram sinais de rejuvenescimento.
O estudo incluiu apenas nove homens brancos com idades entre 51 e 65 anos. O objetivo principal era testar se o hormônio do crescimento poderia ser usado de forma segura em seres humanos para restaurar tecido no timo, uma glândula endócrina linfática que faz parte do sistema imunológico.
Células brancas, produzidas na medula óssea, amadurecem dentro do timo e se tornam células T especializadas em combater infecções e cânceres no corpo humano. O problema é que a glândula começa a encolher depois da puberdade, e pode ficar entupida de gordura.
Como o hormônio do crescimento também pode causar diabetes, os pesquisadores incluíram dois remédios comuns contra a doença no coquetel utilizado no estudo: desidroepiandrosterona e metformina.
Por fim, durante e no fim do tratamento, os pesquisadores coletaram amostras de sangue de todos os participantes, descobrindo que a contagem de células sanguíneas havia sido rejuvenescida.
Também realizaram ressonância magnética para determinar a composição do timo dos participantes antes e depois do tratamento, concluindo que em sete deles a gordura acumulada havia sido substituída por tecido regenerado.
Relógio epigenético
A parte de Horvath veio depois. Ele é um “especialista” em relógio epigenético, uma “marcação” genética que depende do epigenoma do corpo e compreende modificações químicas no DNA. O padrão epigenético de uma pessoa muda durante a vida e acompanha sua idade biológica, que pode ficar à frente ou atrás de sua idade cronológica.
Horvath usou quatro métodos diferentes para avaliar a idade biológica e o relógio epigenético de cada participante, concluindo que houve reversão em todos. “Isso me disse que o efeito biológico do tratamento era robusto”, afirmou ao portal Nature.
O efeito seguiu nos seis participantes que forneceram uma amostra de sangue seis meses após o tratamento. “Como pudemos acompanhar as mudanças dentro de cada indivíduo, e porque o efeito foi muito forte em cada um deles, estou otimista”, diz Horvath.
O próximo passo será testar essa intervenção medicamentosa em um grupo maior de pessoas, incluindo mulheres e diferentes etnias e grupos etários.

Créditos: Hypescience

Camaleão inspira pele inteligente que muda de cor

Químicos usaram cristais fotônicos para desenvolver uma pele artificial inteligente e flexível que reage ao calor e à luz do Sol, mudando de cor, imitando a pele dos camaleões.
Embora o nome possa impressionar, cristais fotônicos são pequenas partículas em um padrão repetitivo, uma periodicidade que faz com que o material interfira nos comprimentos de onda da luz. Embora as próprias partículas sejam incolores, o espaçamento preciso entre elas permite que certas ondas de luz passem, enquanto outras são refletidas.
As cores visíveis produzidas mudam dependendo de fatores como condições de iluminação ou mudanças na distância entre as partículas. A iridescência de algumas asas de borboleta e as penas de pavões estão entre muitos outros exemplos de cristais fotônicos na natureza.
Os cientistas, no entanto, têm tido dificuldade em criar uma "pele inteligente" de cristal fotônico, que mude de cor em resposta ao ambiente, porque os materiais mais usados, tipicamente aerogéis, também mudam de tamanho com a mudança no ambiente, e ninguém quer uma camuflagem que encolha quando mudar de cor, expondo o que se deseja esconder.
Yixiao Dong, da Universidade Emory, ficou intrigado com isso, uma vez que as cores mutáveis dos camaleões são criadas por cristais fotônicos, e não por pigmentos: "Eu queria entender por que um camaleão não se torna maior ou menor quando ele muda de cor, permanecendo em seu tamanho original," disse o pesquisador.
Depois de olhar um monte de vídeos no YouTube, Dong usou imagens em câmera lenta e com grande aproximação para se dar conta de que as matrizes de cristais fotônicos naturais do animal não cobrem a pele inteira do camaleão, ficando espalhadas sobre uma matriz escura de fundo. Conforme os cristais fotônicos mudavam de cor, esses fragmentos de cores permaneciam à mesma distância.
Dong supôs que as células da pele que compõem a matriz escura se ajustam de alguma forma para compensar as mudanças nos cristais fotônicos.
Para testar sua hipótese, Dong sintetizou uma estrutura compósita, usando um material capaz de se acomodar a tensões mecânicas para dispersar cristais fotônicos contendo óxido de ferro, e então usou ímãs para organizá-los em padrões. Essas matrizes foram incorporadas em um segundo hidrogel elástico, que não muda de cor. Esse segundo hidrogel acomodou-se mecanicamente ao primeiro para compensar as mudanças nas distâncias entre os cristais fotônicos.
Quando aquecida, essa pele biomimética flexível muda de cor, mas mantém um tamanho quase constante. O camaleão ainda se camufla mais rápido, porque a pele camaleônica artificial leva cerca de 10 minutos para mudar de cor. Mas a prova de conceito funcionou, abrindo o caminho para melhorias futuras.
"Nós criamos uma estrutura geral para orientar projetos futuros de peles inteligentes artificiais," disse Dong. "Ainda há um longo caminho a percorrer para aplicações na vida real, mas é empolgante fazer esse campo avançar um passo adiante."

Créditos: Inovação Tecnológica

Um observatório científico no fundo do oceano desapareceu misteriosamente

No dia 21 de agosto o observatório Boknis Eck, uma estação de monitoramento ambiental no fundo do mar Báltico, na costa da Alemanha, simplesmente parou de funcionar.
Os cientistas acharam que havia apenas um problema com a transmissão dos dados, então foram checar, e se depararam com uma grande surpresa: um observatório de 740 kg tinha simplesmente desaparecido! Restando apenas um cabo.
Segundo especialistas alemães, devido ao tamanho do observatório, é improvável que ele tenha sido removido por tempestades, correntes ou animais marinhos.
A estação que estava em uma zona restrita a cerca de 1,8 km da costa, em Kiel na Alemanha, era dividida em duas partes, havia a fonte de alimentação, conectada à terra pelo cabo, e o próprio observatório, contendo sensores para monitorar a temperatura, salinidade, oxigênio, correntes e concentrações de metano.
Especula-se que a estação tenha sido roubada por saqueadores que geralmente buscam por navios pré-militares naufragados – esse é um negócio muito lucrativo – eles provavelmente avistaram o observatório no fundo do mar e viram ali uma oportunidade lucrar.
É possível que estação de pesquisa seja reconstruída, mas a perda dos dados será irreparável, deixará uma uma grande lacuna para as pesquisas da região. Isso significa que até o observatório substituído aquela área não será observada, isso não significa apenas que haverá uma lacuna nos dados, mas se algo importante acontecer no ambiente submarino, agora não temos meios seguros de detectá-los ou observá-los.
A polícia está investigando o roubo, e os pesquisadores estão planejando tentar colocar uma nova estação em operação novamente o mais rápido possível.

Créditos: Socientífica

Mistério do núcleo interno da Terra pode finalmente ser explicado

Sabemos que o núcleo interno da Terra é sólido, mas está cercado por uma camada fluida separada do manto e da crosta acima dela. Até aí, tudo bem. Ops, não está tudo bem.
Esse arranjo causa alguns problemas, mistérios para os quais os cientistas ainda não têm explicações.
Por exemplo, se o núcleo interno superquente de ferro sólido não está ligado ao manto devido à camada de fluido que o circunda, como isso afeta sua rotação?
Alguns pesquisadores gostam de trabalhar com uma hipótese chamada de “super-rotação”. Ela sugere que o núcleo da Terra gira a uma taxa diferente da própria Terra (como você sabe, ou deveria saber, a rotação do planeta é de 24 horas em relação ao Sol). Mas qual seria essa taxa?
Diversos estudos já tentaram desvendar qual seria essa taxa de rotação do núcleo do planeta. Agora, uma nova pesquisa conduzida por John Vidale da Universidade do Sul da Califórnia (EUA) se propôs a atualizar o número usando os cálculos e processos mais avançados que temos até à data.
Para chegar ao resultado, Vidale examinou as ondas sísmicas detectadas em dois testes nucleares realizados pela União Soviética no arquipélago Novaya Zemlya, no norte da Rússia, em 1971 e em 1974.
Essas explosões são tão fortes que suas ondas podem ser captadas no mundo todo, e de fato foram por um instrumento chamado Large Aperture Seismic Array (LASA), localizado em Montana, nos EUA.
O que Vidale fez foi medir o movimento do núcleo interno da Terra com base nos dados das ondas sísmicas informados pelo LASA. A estimativa é de que núcleo gira aproximadamente 0,07 graus a mais do que o resto do planeta a cada ano.
“Se essa taxa estiver correta, significa que se você ficasse parado em um ponto no equador por um ano, a parte do núcleo [da Terra] que estava abaixo de você acabaria em um ponto a 7,7 quilômetros de distância”, explicou Maya Wei-Haas na National Geographic.
Infelizmente, esse campo de pesquisa é impreciso porque é altamente teórico – não temos como visitar a fornalha que é o núcleo interior do planeta para fazer medições mais exatas.
Na verdade, pode ser que nem mesmo a hipótese da super-rotação esteja correta. Outros cientistas sugerem diferentes explicações para o fato de nossas leituras e estimativas sobre as taxas de rotação do núcleo serem distintas.
Por exemplo, um estudo sugeriu que as discrepâncias poderiam estar relacionadas a variações na superfície do próprio núcleo, o que poderia explicar as inconsistências nas leituras. Se este for o caso, apenas indica que sabemos ainda menos sobre o núcleo do que pensamos.

Créditos: Hypescience

Pele eletrônica sente dor por pressão e calor

Pesquisadores coreanos criaram uma pele artificial para robôs, equipamentos médicos, próteses e até aparelhos eletrônicos que é capaz de "sentir dor" através de uma imitação da sensação do toque.
A chave para a inovação é uma mescla de sensores que permite medir pressão e temperatura simultaneamente.
Para isso, a equipe usou nanofios de óxido de zinco (ZnO), que foram aplicados como sensores táteis que geram sua própria energia, dispensando as baterias graças ao seu efeito piezoelétrico, em que um material gera sinais elétricos ao ser submetido a uma pressão.
O sensor de temperatura, por sua vez, usa o efeito Seebeck, um efeito termoelétrico marcado pela geração de uma tensão elétrica entre dois metais diferentes quando eles são colocados juntos e surge uma diferença de temperatura entre eles.
Ambos os sensores foram montados em um substrato flexível de poliimida, ao qual foram adicionados eletrodos. Esses eletrodos permitem medir o efeito piezoelétrico por pressão e o efeito Seebeck por mudança de temperatura ao mesmo tempo.
Para completar a pele artificial, uma técnica de processamento de sinais dá o veredito sobre a sensação de "dor" considerando o nível de pressão, a área estimulada e a temperatura.
Como imita a dor, tanto pela pressão, quanto pela temperatura, a equipe coreana chama sua inovação de "pele eletrônica psicossensorial".
"Nós desenvolvemos uma tecnologia fundamental básica que pode efetivamente detectar dor, o que é necessário para o desenvolvimento de um sensor tátil futurístico. Uma conquista da convergência das pesquisas de especialistas em nanoengenharia, engenharia eletrônica, engenharia robótica e ciências do cérebro, ela terá amplas aplicações, em peles eletrônicas que detectam várias sensações, bem como [viabilizando] novas interações homem-máquina.
"Se os robôs também puderem sentir dor, nossa pesquisa expandirá ainda mais a tecnologia para controlar a tendência agressiva dos robôs (sic), que é um dos fatores de risco do desenvolvimento da inteligência artificial," ponderou o professor Jae Eun Jang, coordenador da equipe.

Créditos: Inovação Tecnológica

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

'Elevador espacial' poderia transportar astronautas entre Terra e Lua, afirmam cientistas

O ascensor que irá nos conectar com o nosso satélite natural foi descrito em uma investigação publicada no servidor de pré-impressão ArXiv por investigadores da Universidade de Columbia (EUA) e da Universidade de Cambridge (Reino Unido).
O Spaceline estaria conectado à superfície da Lua e ficaria pendurado em órbita geoestacionária em torno da Terra, esperando que os astronautas se acoplem e viajem em direção ao espaço.
O documento de prova que descreve o protótipo desde conceito aponta que poderia ser construído a partir de materiais que existem atualmente, o que aumenta as possibilidades de as viagens espaciais serem mais fáceis e talvez até mesmo de haver assentamentos orbitais, escreve Ticbeat.
Em vez de serem lançados para fora da órbita, os astronautas somente teriam que chegar ao ponto final do Spaceline, reduzindo o custo e o desafio dos lançamentos de foguetes.
Uma vez que o vácuo do espaço seja alcançado, livre da gravidade terrestre e pressão atmosférica, a nave espacial se encontraria com o cabo, se acoplando com o transportador alimentado por energia solar que subiria a nave ao longo do cabo.
Zephyr Penoyre, um dos responsáveis do estudo, disse que este projeto se transformaria "em uma infraestrutura, muito parecida a uma via férrea antiga: a circulação de pessoas e cargas ao longo dela é muito mais simples e fácil do que as viagens no espaço profundo".
A maior força de atração e rotação gravitacional da Terra poderia fazer quebrar o cabo antes que a viagem pudesse ser completada se este estivesse atado ao nosso planeta. Mas o risco de um colapso catastrófico, de acordo com os investigadores, é menor quando o cabo está somente atado à Lua.
A estudante graduada em astronomia da Universidade de Cambridge, Emily Sandford, destacou que os nanotubos de carbono seriam o melhor material para usar, embora seja necessário analisar como construí-los em grande escala.

Créditos: Sputnik

Esqueletos com cabeças “alienígenas” são encontrados na Croácia

Arqueólogos descobriram três crânios estranhos na Croácia, dois deles artificialmente modificados e pontudos como “alienígenas”.
Uma das hipóteses dos pesquisadores é de que as modificações foram realizadas para mostrar que os indivíduos pertenciam a determinados grupos culturais.
O estudo
Embora o recente achado pareça estranho, a prática da deformação cranial já foi relatada em diferentes partes do mundo, da Eurásia até a África e a América do Sul. O exemplo mais antigo conhecido pelos pesquisadores veio da China há 12.000 anos.
Geralmente, a modificação é feita através do uso de ataduras bem apertadas ou ferramentas rígidas enquanto o indivíduo ainda é criança e possui um crânio maleável. As razões para a prática podem variar de indicar status social a motivos estéticos.
Os arqueólogos descobriram os três esqueletos do novo estudo em uma sepultura no sítio arqueológico Hermanov Vinograd, na Croácia, em 2013. Eles foram analisados entre 2014 e 2017 por várias técnicas, incluindo exame de DNA e imagens radiográficas. Todos pertenciam a homens malnutridos que morreram jovens, entre os 12 e 16 anos.
Os pesquisadores não sabem como os rapazes morreram. Eles podem ter falecido devido à má nutrição, ou ter tido “algum tipo de doença que os matou rapidamente e não deixou vestígios em seus ossos”, como a peste, conforme explica o principal autor do estudo, Mario Novak, bioarqueólogo do Instituto de Pesquisa Antropológica em Zagreb (Croácia).
Os esqueletos datam entre 415 e 560 dC, uma época conhecida como Grande Período Migratório, um período turbulento da história da Europa. Os esqueletos pareciam ter diferentes ancestralidades: um da Eurásia Ocidental, outro do Oriente Médio e outro do Leste Asiático.
Novak esclarece que, após a queda do Império Romano, populações e culturas completamente novas começaram a aparecer na Europa, tornando-se a base para as nações modernas do continente. “Em outras palavras, este período estabeleceu as fundações da Europa como a conhecemos hoje”, completou.
O garoto de ascendência oriental tinha uma deformação craniana do tipo ereto-circular, o que significa que o osso frontal atrás da testa foi achatado e a altura do crânio “aumentada significativamente”, de acordo com Novak. Já o do Leste Asiático tinha um crânio com uma deformação do tipo oblíqua, o que significa que o seu crânio foi alongado diagonalmente para cima. O menino que provavelmente veio da Eurásia Ocidental não possuía deformações.
“Propomos que diferentes tipos de deformação craniana na Europa foram usados como um indicador visual de associação com um certo grupo cultural”, resumiu Novak.
Os pesquisadores não podem dizer ainda a que grupos culturais cada um dos meninos pertencia, mas creem que o do Leste Asiático fosse um huno.

Créditos: Hypescience

domingo, 1 de setembro de 2019

Um número mostra que algo está fundamentalmente errado com nossa concepção do universo

Um certo número vem tirando o sono de astrônomos do mundo todo: a constante de Hubble. Sabemos que o universo está expandindo, mas medidas desta taxa de expansão nos trazem sempre resultados diferentes.
Dependendo do número que estiver correto, pode significar que os cientistas vêm medindo errado as distâncias para objetos no universo por muitas décadas, ou que eles precisam aceitar a existência de uma nova física exótica.
Não é preciso dizer que os cientistas andam bastante preocupados com essa discrepância.
Para entender a questão, precisamos voltar ao momento em que o cientista Edwin Hubble percebeu, em 1929, que galáxias distantes pareciam estar se distanciando da Terra mais rápido do que galáxias mais próximas.
Foi assim que Hubble chegou à conclusão de que o universo estava expandindo – “a resposta, que não é intuitiva, é que [objetos distantes] não estão se movendo. Há cada vez mais espaço sendo criado entre eles”, explicou Barry Madore, astrônomo da Universidade de Chicago (EUA) que realiza medições da constante de Hubble, ao Live Science. Ao longo dos anos, os cientistas foram estudando e refinando essa taxa de expansão.
No final da década de 1990, porém, as coisas ficaram ainda mais complicadas quando os astrônomos descobriram que o universo não estava apenas se expandindo, como também essa expansão estava acelerando. A causa desse fenômeno misterioso foi nomeada de energia escura.
Ok, então tem algo estranho acontecendo no universo e isso é inegável. O que os cientistas podem fazer? Tentar medir essa taxa de aceleração de expansão o mais precisamente possível, a fim de compreender a evolução do cosmos.
O problema é que vários estudos muito bem executados chegaram a valores diferentes. Por exemplo, dados do satélite Planck da Agência Espacial Européia (ESA) levaram a uma estimativa de que a taxa corresponde a 67,4 quilômetros por segundo por megaparsec.
O Planck vasculha o céu há 10 anos medindo o fundo cósmico de microondas, um eco do Big Bang que fornece uma imagem do universo 13 bilhões de anos atrás, com um grau de incerteza extraordinariamente pequeno.
Já cálculos usando estrelas pulsantes chamadas Cefeidas sugerem que o valor é de 73,4 quilômetros por segundo por megaparsec.
Essas estrelas piscam a uma taxa constante, de forma que os pesquisadores podem dizer exatamente quão brilhante uma Cefeida deve ser baseada em suas pulsações. E, dependendo do seu brilho, podem calcular uma distância para elas.
Infelizmente, as estimativas da constante de Hubble usando Cefeidas e Planck são diferentes, apesar de ambos os métodos serem precisos.
O problema é ambos os cálculos levam em conta muitas suposições. Se as medições feitas com Cefeidas estiverem erradas, isso pode significar que os astrônomos têm medido distâncias de forma incorreta no universo há anos.
Já se os números do Planck estiverem errados, então é possível que os cientistas precisem descobrir alguma nova física exótica que faça parte do Modelo Padrão cosmológico e explique os dados, como o número de neutrinos em existência, usados para interpretar as informações do satélite.
Novos estudos têm tentado descobrir qual valor está correto, mas só conseguiram dificultar ainda mais as coisas – uma pesquisa com estrelas gigantes vermelhas chegou a um terceiro valor, de 69,8 quilômetros por segundo por megaparsec.
Outras equipes podem ajudar na definição da resposta, como um estudo que vêm observando objetos brilhantes distantes no universo primitivo chamados quasares, e outro que usa informações do Observatório de Ondas Gravitacionais com Interferômetro a Laser (LIGO) para analisar ondas gravitacionais de estrelas de nêutrons em colisão. Esses cálculos, no entanto, ainda estão em seus estágios iniciais e não podem servir de desempate ainda.
Só nos resta aguardar – e abandonar todas as nossas certezas enquanto isso.

Créditos: Hypescience

5 das luas recém-descobertas de Júpiter foram nomeadas em um concurso público

Após uma competição pública, os cinco satélites de Júpiter, que foram descobertos recentemente, agora têm nomes astronômicos oficiais, anunciou a União Astronômica Internacional no dia 26 de agosto.
Os satélites foram descobertos por acaso por um grupo de pesquisadores planetários que buscavam por um hipotético nono planeta do sistema solar, que poderia estar orbitando além de Netuno. Outros sete satélites também foram descobertos.
Para oferecer ao público a chance de se envolver na nomeação desses corpos celestes, o Instituto Carnegie lançou um concurso via Twitter em 21 de fevereiro de 2019, pedindo sugestões de nomes para cinco dos novos satélites. Havia algumas regras, mais notavelmente que as 79 luas conhecidas de Júpiter devem todas ser nomeadas por descendentes do deus Júpiter da mitologia romana, ou Zeus em mitos gregos.
Aqui estão os vencedores:
Pandia: A filha de Selene e Zeus, irmã gêmea de Ersa, juntas elas representavam as faces da lua. Pandia era a deusa do brilho da lua e em alguns contos fala-se que ela era deusa dos caminhos
Ersa: Irmã de Pandia, Ersa é a deusa do orvalho.
Eirene: A deusa da paz, Eirene é a filha de Zeus e Themis, uma Titã grega que personifica a ordem divina, a justiça e a lei.
Philophrosyne: Filha de Hefesto e Aglaia, neta de Zeus, representava o espírito feminino de boas-vindas, simpatia e bondade.
Eupheme: Irmã de Philophrosyne, Eupheme representava o espírito feminino de palavras de bom augúrio, louvor, aclama e gritos de triunfo.
Os nomes das cinco luas de Júpiter estão agora formalmente listados no Dicionário de Nomenclatura Planetária.

Créditos: Socientífica

Ancestral humano mais antigo conhecido teve a face reconstruída por cientistas

Um antigo ancestral humano que viveu há mais de quatro milhões de anos teve a face reconstruída por cientistas.
É o rosto de uma espécie conhecida como Australopithecus anamensis, um animal ainda mais antigo que a famosa Lucy – uma espécie descendente conhecida como A. afarensis.
O crânio minúsculo foi encontrado quase totalmente intacto na Etiópia em 2016 e prova que os dois primeiros hominídeos relacionados coexistiram por pelo menos 100.000 anos.
Os pesquisadores descobriram o crânio onde outrora existiu um lago, o A. anamensis tinha um cérebro pequeno com um crânio longo e estreito, mas com as maçãs do rosto proeminentes que o fazem se parecer com humanos mais recentes.
A. anamensis é o mais antigo membro conhecido do gênero Australopithecus. Acredita-se que o nosso próprio gênero, Homo, tenha evoluído desse grupo.
“O que sabíamos sobre o Australopithecus anamensis até agora era limitado a fragmentos de mandíbula e dentes isolados”, disse Yohannes Haile-Selassie, paleoantropólogo do Museu de História Natural de Cleveland, durante uma coletiva de imprensa que anunciou o achado. “Não tínhamos nenhum remanescente do rosto ou do crânio, exceto por um pequeno fragmento de perto da região da orelha.”
O rio provavelmente transportou o crânio do local onde o ancestral humano, morreu. Mas o fóssil não foi muito desgastado por sedimentos, então provavelmente não foi muito longe.
“Este espécime preenche uma lacuna importante em nosso conhecimento da anatomia craniana do Australopithecus durante este período”, disse Amélie Beaudet, paleoantropóloga da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, que não esteve envolvida na nova pesquisa. O fóssil não só revela mais sobre as mudanças no Australopithecus através do tempo, ela disse à Live Science, mas pode ajudar a iluminar as conexões geográficas entre as espécies. O crânio compartilha características do Australopithecus africanus, uma espécie extinta encontrada no sul da África, disse ela.
A descoberta apóia a ideia de que a evolução inicial dos hominídeos não era linear. Espécies nem sempre surgiram, evoluíram para novas espécies e desapareceram da face da Terra, disse Haile-Selassie. Pelo contrário, os subgrupos de hominídeos estavam provavelmente se tornando isolados da população mais ampla, cruzando e acumulando mudanças suficientes para se tornarem espécies inteiramente novas, enquanto suas espécies progenitoras sobreviviam e prosperavam em outros lugares.

Créditos: Socientífica