quarta-feira, 22 de maio de 2019

O aumento do nível do mar poderá desalojar até 187 milhões de pessoas nas próximas décadas

Um novo estudo internacional afirma que a elevação do nível do mar resultante do derretimento acelerado do gelo na Groelândia e na Antártica poderia ter “consequências profundas para a humanidade”.
Se não fizermos nada para conter a mudança climática e o mais severo aumento de temperatura global ocorrer nas próximas décadas, o nível do mar aumentará a ponto de deslocar centenas de milhões de pessoas.
Sabemos que o gelo da Groelândia e da Antártica está derretendo há anos, mas só agora percebemos a rapidez com que isso está ocorrendo.
Por exemplo, a Groelândia está derretendo seis vezes mais rápido agora do que há quatro décadas, liberando uma média de 286 bilhões de toneladas de gelo por ano.
Nos anos 1980, a Antártica perdia 40 bilhões de toneladas de gelo anualmente. Na última década, esse número saltou para uma média de 252 bilhões de toneladas por ano.
Ajustando os cálculos, os pesquisadores descobriram que, no pior cenário possível, em que o planeta esquenta 5 graus Celsius nos próximos 80 anos, o gelo derretido poderia elevar o nível do mar em cerca de dois metros em todo o mundo.
Isso significa que grandes cidades costeiras como Nova York e Xangai iriam inundar, deslocando até 187 milhões de pessoas até 2100.
Com aproximadamente 1,7 milhão de quilômetros quadrados de tamanho, a camada de gelo da Groelândia cobre uma área quase sete vezes maior que o estado de São Paulo.
Juntamente com a camada de gelo da Antártica, ela contém mais de 99% da água doce do mundo, de acordo com o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo. A maior parte dessa água é congelada.
À medida que a atividade humana envia mais gases de efeito estufa para a atmosfera, os oceanos absorvem 93% do excesso de calor que os gases retêm. O ar e a água mais quentes estão levando os lençóis de gelo a derreter a taxas sem precedentes.
Em 2013, o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da Organização das Nações Unidas previu que o nível do mar aumentaria em até 97 centímetros até 2100 se as emissões de carbono continuassem a aumentar.
As previsões do novo estudo são mais que o dobro da estimativa da ONU. Embora as chances do “pior cenário possível” acontecer sejam estimadas apenas em torno de 5%, os cientistas relatam que é “plausível” que os oceanos globais realmente aumentem dois metros até o ano 2100.
Tragédia
É importante estar ciente deste cenário sombrio. Níveis mais altos do mar podem resultar em uma perda de 1,8 milhão de quilômetros quadrados, uma área maior que a França, a Alemanha, a Espanha e o Reino Unido combinados.
Nesse caso, grandes cidades costeiras como Londres, Nova York e Xangai seriam ameaçadas por inundações extremas. Pequenas nações insulares do Pacífico, como Vanuatu, se tornariam inabitáveis ​​ou desapareceriam por completo. E muitas das terras perdidas seriam “regiões críticas de produção de alimentos”, lugares como o delta do rio Nilo, na África.
No total, até 2,5% da população mundial atual seria afetada, criando até 187 milhões de refugiados climáticos.
“Para colocar isso em perspectiva, a crise de refugiados na Síria resultou em cerca de um milhão de pessoas vindo para a Europa”, disse Jonathan Bamber, principal autor do novo estudo, da Universidade de Bristol (Reino Unido). “Isso é cerca de 200 vezes menos do que o número de pessoas que seriam deslocadas em um aumento de dois metros no nível do mar”.

Créditos: Hypescience

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